domingo, 10 de junho de 2012

Dia de Maria



Maria acorda cedo,toma café e vai trabalhar.
Pega condução precária. Leva tombo, é empurrada, achatada, mas chega lá.
Arruma-se toda, puxa a saia, estica a blusa, agarra a bolsa.
Bota o avental, água no fogo, leite pra ferver.
Lava roupa, arruma cama, varre chão.
Trabalha por ela, trabalha por dez.
Não para a Maria,Maria não pode parar.
Leva bronca, leva xingo,leva desaforo.
Guarda medo, desprezo e muita dor.
É culpada de roubar a prata.É acusada de apanhar feijão.
Maria não liga. Tá acostumada.
Volta a pé pra acumular. Quer guardar dinheiro, quer comprar.
Não para a Maria, Maria não pode comprar.
Chega na maloca molhada, suada,cansada.
Bota a roupa no tanque.
Lava tudo e Põe pra secar.
Faz conta no açougue, cozinha na lata.
Dá pra criançada engordar.
Deita na cama, cansada e desesperançada.
Maria só quer sonhar.
Não para a Maria ,Maria também não pode sonhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário