Preciso de um museu para guardar minhas lembranças que já não cabem mais no contexto dessa vida. O tempo não permanece estático na terra. Com seu movimento, dilui os costumes como o açúcar num copo de água. Fica invisível.
Meus caminhos são escolhidos pela posição do sol, onde ele toca vou pisando e me distanciando do presente, transpassando o portal, entrando no passado
Minhas memórias perdem o sentido tentando fossilizar o romantismo nas alamedas da vida. O passado está sendo enterrado e a modernidade passou a significar progresso.
A arquitetura da cidade leva os visitantes a se sentirem no aconchego dos anos dourados. Décadas passadas onde andar na praça poderia surtir um namoro convencional e respeitado.
O velho começa a perder o seu significado, a história fica relacionada a estudos sociológicos, e as árvores começam a ser derrubadas..
Queria um lugar para sonhar, onde o ritmo louco da vida e a praticidade da evolução não descaracterizasse a zona campestre. Que a montanha continuasse sendo o ponto mais alto da cidade, o céu a tela mais bem pintada e a relva ,o contorno mais elegantemente delineado .
O artista mor, supremo e único, com o poder de imortalizar esse acervo, por sua dádiva generosa e altruísta,nos dá o livre arbítrio . Por nossa incapacidade de percepção,vamos com a borracha, apagando cada pincelada de vida ,de cor de alegria,de canto de sonhos de música até transformarmos essa obra em natureza morta.
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