Pipocas

Que vontade de comer pipoca! Daquelas branquinhas feita à moda antiga com óleo e sal.De quando os carrinhos dos pipoqueiros eram feitos de madeira e uma lata velha de óleo grande era  usada para  queimar  a brasa  e manter o fogo.

A panela era preta de tão queimada e era colocada diretamente naquela pequena labareda.

Seu Joaquim colocava o óleo, deixava esquentar, jogava o milho seco com uma concha e logo começava a fritar. O cheirinho começava ali.

Sacudia a panela até o barulho parar. Despejava tudo numa caixa que ficava ao lado do fogareiro e jogava o sal até cobrir todas as pipocas.

Acompanhávamos  esse ritual, amontoados em torno do carrinho,com o dinheiro exprimido nas mãos para não perder,torcendo para que os milhos estourassem e não sobrasse um. Enquanto isso, nossas bocas salivavam. 
O saquinho era grande e ele enchia sem dó.

Dava os trocados para o moço e ele colocava aquelas notas amassadas , num dos bolsos que tinha no avental manchado de carvão.

Seu Joaquim saía feliz por ter vendido toda a produção e seguia seu caminho tocando uma buzina peculiar, chamando o povo para um  novo momento de lazer.

Eram tardes de sábado,quando não se tinha muito mais o que fazer.Dar uma volta pelo quarteirão era uma aventura.Sentar na calçada e comer  pipoca com a turminha era um pacto de  amizade eterna.

Pouca coisa, coisa simples, simples conversas, conversas gostosas, gostosas como as pipocas daquela época.