Ela conservava um sorriso desconfiado, aquele que acredita que algo vai acontecer, mas ao findar o dia, uma tremenda solidão se apoderava de todo seu coração.
Pela manhã, saía para passear com seu vestido branco, chapéu de abas largas, uma flor amarela presa ao lado, sandálias brancas ,com um pequeno salto para dar volume e graça.
Notava a todos que passavam por ela. Seu olhar ia muito alem da paisagem. Procurava pelas ruas e casas,algum sinal do seu eterno namorado.
Com o passar dos anos, de chinelos baixos, já não possuía tanto lampejo, porém, conservava consigo o desejo de perambular pelas ruelas ainda a procura do seu perene amado.
Já não era tão ansiosa, nem exigente, queria apenas um companheiro que lhe fizesse um chamego e jogasse muita conversa fora.
Observava os velhinhos de bengala e as achava um charme. Ele poderia até ter duas, não importava,seria seu amado para sempre.
Elisa, já não era mais notada, passava pelas pessoas sem ser observada, sorria e não recebia nada, articulava pensamentos e não era ouvida._ Assim que encontrar meu velho, isso tudo vai mudar. Passaremos as tardes na varanda, tomaremos café sentados nas cadeiras de vime, veremos filmes românticos e dormiremos bem juntinhos.E assim ela se conformava com tamanha desatenção.
Cada dia ficava mais difícil para ela se locomover, mas impulsionada pelo seu sonho, tentava ao menos chegar à janela e por certo de lá veria seu moço chegar.
Sempre esperançosa ,não desistia de sonhar.
Quando viu parado a sua porta, um moço alto,com longos cabelos loiros e olhos de um profundo azul perguntar:_Dona Elisa está?, ela surpresa,sem imaginar o que um homem tão lindo fazia na sua porta, respondeu: _sim, sou eu... Elisa. Ele muito gentil, pediu que ela o acompanhasse para um passeio.
Com suas pernas tremulas, vestiu seu chale, chinelos,colocou a flor amarela nos cabelos brancos, desceu as escadas, deu o braço para aquele jovem,esboçou um sorriso nunca visto até então e foi.
As janelas da sua casa, continuam abertas com as cortinhas esvoaçando, mas nunca mais ninguém viu dona Elisa por lá...
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