domingo, 29 de novembro de 2009

Respeito X Diversão




Quando somos inseridos em uma cultura diferente da que nos criamos, poderemos apresentar um grau de incompetência, pela experiência não fazer parte do nosso conhecimento, adquirido ou desenvolvido. O fato de agirmos dessa forma, não significa que somos ignorantes ou incapacitados, mas que algo novo que foge do nosso cotidiano apareceu. Ao abrir uma de minhas correspondências, encontrei um vídeo que ao invés de me fazer gargalhar como á outras milhões de pessoas, me deixou deprimida e aflita. Ele continha a tentativa grosseira de fazer uma mulher de classe humilde, se expressar em termos técnicos, ao citar o endereço eletrônico de um site famoso. Várias tentativas, e a cada vez ela se perdia mais. Motivo de deboche e desrespeito para alguém que não tivera acesso aos meios de comunicação mais sofisticados. Aquela senhora poderia ser uma ótima cozinheira, uma artesã, mas pelo fato de não estar conectada a uma comunidade estabelecida pelos homens,ou seja, não pertencer ao grupo de internautas, foi explorada com zombaria.
Hoje, com saudades de uma torta de abóbora que adorava comer quando estava nos Estados Unidos, tentei por várias vezes dizer em voz alta o nome do doce. Muitas tentativas e cada uma era mais engraçada do que a outra e não conseguia proferir o nome da torta de abóbora. Fiquei pensando em fazer um vídeo assim, mostrando nos EUA uma mulher tentando falar o simples nome de uma torta. Imaginei o quanto eles ririam das minhas tentativas e o quanto eu seria a ignorante e estúpida para eles e o quanto eu me assemelharia ao vídeo em questão. O fato de não saber pronunciar o nome de uma torta em inglês, não me faz uma idiota. Não sou obrigada a conhecer os códigos de outras línguas.
Assim como aquela humilde senhora (que pode até ter gostado de estar na mídia e ser reconhecida pelos amigos que a viram na TV e internet) que só serviu para que pessoas se divertissem com sua pureza , eu me sentiria assim sendo exposta a outra cultura.
O respeito ao individuo está acima da diversão. Acredito que uma brincadeira só o é, quando ela agrada todos os lados ou quando todos querem participar. Não humilhar é um grande passo para a igualdade dos homens. Aceitar os limites sem menosprezar ou vangloriar-se de um acesso que lhe é permitido, mas negado a outrem. Ajudar na igualdade de direitos, levantar o outro, caminhar juntos... Utopia, mas quem não tem uma?

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