Descobri que não preciso sair de casa para ser feliz. Viajar é o sonho de tantas pessoas, mas não o meu.
Já me perdi no sonho de outros. Sempre a escolha alheia me parecia melhor e mais sábia. Tentei imitar atitudes porque dava valor demais ao que via ao que escutava e os meus sentimentos ficavam disfarçados e por causa da minha insegurança, transformava meus sonhos em quimeras. Observava os melhores caminhos e seguia. Acreditava.
Eduquei meus filhos com pedagogia alheia, me fantasiei com costumes estrangeiros, me alimentei com ilusões incabíveis, acreditei no impossível.
Durante muito tempo não sabia quem eu era somente o que construí com todo esse material que me fora dado como um manual de funcionamento padrão.
O tempo passou, e me vi encurralada num beco. Optar a ficar ali parada e receber toda sorte de acontecimentos, sem poder reivindicar meus direitos da maneira que achasse aceitável, ou pular o muro, enfrentar o desconhecido, começar de novo, procurar a nova passagem, me sentir acima do chão e quem sabe voar?
Tirei minha bússola do baú e tracei meu rumo. Aprendi a conhecer o real. Aposentei o azul.
Não existe redoma de vidro muito menos de aço, todas são transpassadas com a infalibilidade dos problemas da vida
Não fui poupada, fui arrebatada por turbilhões de acontecimentos que insistiam em se aproximar e ficar.
O medo de errar foi dissipando, ate se tornar uma tênue voz que dialogava, e não determinava mais.Ponderação e bom senso foram adicionados ao meu cardápio espiritual e social, e mantive a minha rota , aquela que sigo até hoje. Acho-a florida, mas não alegórica, possui curvas e retas que não a deixa monótona. Às vezes chove, venta,tem até tempestade, mas o sol insiste em tomar seu lugar no topo do céu e mostrar que depois de cada uma das temperanças da natureza comum a todos os homens, como rei astro, não abdicará do seu trono e formoso acopla-se de forma harmônica ao seu espaço.
Não precisei ser a mais bela nem a mais inteligente, nem a mais esperta nem a mais rica para me sentir amada pelo meu criador, mas precisei me encontrar para perceber que esse amor é incondicional.
Não quero construir outra rua que não seja a minha, que não siga para onde quero ir. Meu caminho esteve obstruído, impedido de trafegar. Construí um atalho e agora me sinto livre para ir, ou ficar que é o que realmente quero... Ficar onde estou como estou e fazendo o que estou..., ser o que sou.
Parabéns pelo texto e pela foto.
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