Tardes de abril

O tempo claro, azul anil, as flores pequenas flutuando no ar  caindo ao menor vento,  e imprimindo no chão sua forma peculiar de mostrar que o outono chegou. As montanhas cercam a cidade, e seus cumes parecem tocar as poucas nuvens.

Nas ruas foram plantadas novas árvores que mesmo pequenas já desenham contornos nas calçadas e nos muros, mostrando as belas e refrescantes sombras que teremos em pouco tempo.As vias ladeadas de casas coloridas , o vapor da água sob o sol ,o calor ameno ,as folhagens marrons tomam lugar no novo cenário.

As tardes longas , convidam a uma caminhada, a uma reflexão, abrir um álbum, reler cartas, sentar na varanda e balançar na rede, ficar descalça e regar o jardim, preparar um bolo de milho ou chocolate e deixar a casa cheirosa, colher flores e enfeitar o vaso de cristal que está na sala, sentar no chão e desenhar com o dedo na terra, escutar uma música antiga, fazer um diário e historiar minha vida.
Uma tarde tão poderosa, capaz de abrir vários caminhos, que me perco preludiando  cada um deles.

A vida tem uma simplicidade doce para quem aprecia as pequenas coisas e acontecimentos naturais, como observar o movimento  sutil da água no lago, flores de campo que nascem na beira das estradas, o balanço das grandes árvores, uma borboleta que persegue um passarinho que invadiu seu espaço, um pombo que veio ao seu quintal furtar com manha o alimento do gatinho.

Tantas vidas espacejando a morte, sublimando o impuro para alcançar a plenitude de uma existência.

Obstar-se  ao meu modo de vivenciar o fluxo da vida é um direito.
As tardes estão acontecendo e você pode fazer escolhas.

Quais são as suas?