sábado, 28 de maio de 2011

Meu vestido de noiva(de doze anos atrás)





O vestido usado uma única vez, estava guardado dentro de uma velha gaveta, envolto em panos e fronhas para mantê-lo branco, como se alguém ainda o fosse usar. De tempos em tempos, eu abria o pacote , tirava de lá a indumentária amassada e deixava que tomasse sol .
Tinha me casado há doze anos e pari uma prole: seis crianças. Com nada mais útil para fazer, tive a idéia de vestir aquele vestido lindo novamente porque tinha a certeza de caber perfeitamente dentro dele e, mostrar a meus filhos como estava fascinante no meu casamento (nada modesta).
Tirei a roupa e forcei o embolorado até entrar dentro dele. O zíper meio emperrado, com dificuldade foi deslizando e com força fechado.
Desfilei como uma princesa que chega ao trono da rainha; meio encabulada, mas se sentindo a tal.
Rodopiei,dancei,ri e protagonizei como se estivesse mesmo indo para o altar.
Depois da brincadeira e da aprovação dos meus filhos, senti os braços formigando e doendo. Eles estavam entre o vermelho e roxo e minhas mãos inchadas. Foi quando entendi que o vestido de doze anos atrás tinha ficado pequeno para meus quilinhos a mais. 
O que era uma brincadeira começou a me assustar. Não tinha força nos braços para puxá-lo uma vez que os punhos tinham entrado profundamente no braço e não saía.
Puxei,estiquei,tentei rasgar o danado, mas como era de bom material, não esgarçou e meus braços aumentando de volume.
Consegui abaixar somente a parte da frente e o desespero tomou conta de mim. Sai correndo semi vestida, com as mangas presas nos braços, em busca de socorro.
Gritava pedindo ajuda, mas a minha ajudante que lavava o quintal da frente, pensou que eu estivesse brincando e sorria .
Tive que ir até a rua e mostrar para ela como meus braços estavam. Ali mesmo, ela  assustada , quis tentar me soltar... Puxou, esticou, mas a dor já era imensa e não conseguia afrouxar nada.
Ela correu para a cozinha, pegou uma tesoura de carne e pediu licença para cortar o vestido .
O instrumento cortante, não conseguia penetrar entre o braço e o vestido e ela teve que forçar, abrindo um corte no meu braço.
A cena era trágica para quem chegasse: uma mulher com a tesoura na mão, segurando meu vestido branco com mancha de sangue e as crianças pulando freneticamente.
Muitos grunhidos depois, ela conseguiu abrir a manga e foi  rasgando até meus braços poderem sair.
Aos poucos, com massagens e alongamento, eles voltaram ao normal e a dor passou.
Já tinha perdido a cabeça ao me casar, agora, perder os braços era demais.
Para não correr nenhum outro risco, desmanchei todo o vestido e me desfiz dele.
Hoje em dia não se comete mais esse tipo de loucura, porque os vestidos são devolvidos às lojas.
Que evolução!
Cada coisa na sua época. Aprendi a lição.



13 comentários:

  1. Oi Eva, o seu humor torna a história engraçada, se não fosse trágica, menina que aventura ehehhe, imagino a cena, hoje em dia o pessoal aluga, manda fazer o vestido como quer e aluga, faz o primeiro uso, a foto acima está linda, vc tem seis filhos? eu tenho tres e ja achei bastante, vc é uma heroina, parabéns, beijinho, adorei o texto.

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  2. Realmente seu humor se torna mto engraçado.......mas confesso a vc que senti o formigamento nos meus braços, rsrsrsrs......não tenho coragem de fazer isso senão.......kkkkk...ótimo Evita, amo suas histórias pq são mto reis...bjo querida!!

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  3. Adorei a frase: "Já tinha perdido a cabeça ao me casar, agora, perder os braços era demais!" Muito bom! rsrsrs Adorei o texto, amiga! Beijo!

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  4. Sensacional!
    Cheguei a ver toda a cena, dando gargalhadas na frente do PC, me esquecendo completamente do lado tragico.
    Te vi toda serelepe querendo fazer uma surpresa aos rebentos, orgulhosa de dividir com eles a "serventia" do vestido, se achando linda como uma princesa.Imaginei tambem todo o desespero ao se sentir presa num torniquete, com a ajudante a rodeando como uma galinha tonta, tentando cortar as mangas.
    Realmente foi hilario.
    Pra contar um caso desse, sómente com muito humor...e voce o teve, admiravelmente.

    bjo

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  5. Eva minha linda, você é demais. Seus textos são de uma vida sem tamanho. Vivenciei cada momento do seu trágico e hilário conto. Parabéns. Uma boa semana.

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  6. Eva,Rosinha,Lufe,Elaine,Lenita e Cris...muito obrigada pelos comentários construtivos...vcs certamente abrilhantaram minha pagina

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  7. Daria um ótimo curta metragem, com direito a montanha russa de sensações! Passei de um sorriso meigo a um susto tremendo e acabei numa gargalhada. Você é acrobata textual!

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  8. Muito bom! Adoro texto bem humorado. A parte do "já tinha perdido a cabeça ao me casar" foi ótima!
    Parabéns!

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  9. Eva! ahaha, mas olha eu ri mt disso, me desculpa, acho que foi bem aterrorizador pra vcs duas, to imaginando as caras das criancas vendo aquilo, meu Deus, que horrror, ahaha, mas ri mt Eva, mt... que situacao!


    perder a cabeca e depois os bracos, nao dá né?? :-)

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  10. Fernanda.."você é uma acrobata textual" menina onde arranjou esse termo??/adorei,me sinto no alto de um picadeiro no circo de Soleil rsrsrs obrigada fernanda beijokas
    Erika,vc que ecreveu um conto tão lindo...obrigada por sua visita
    Nina querida........obrigada beijokas a todos

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  11. Gente, é p dar risada ou p chorar junto?! Ufa! Essa foi d+! Eva tem selinho p ti lá no Balaio. Bjokas.

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  12. Adoro esses episódios da sua vida... parece livro... fico aqui pensando, na verdade acho que quase tudo depende do nosso olhar para as situações... daí escrever é uma arte...... vc não acha???
    Esqueci de te falar... te mandei recados por e-mail e twitter... vc leu??? na época que a Jú tava aqui..............

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