Hamburguer

Sempre que tínhamos algum dinheiro, costumávamos passear com as crianças pelos parques e lugares interessantes. Quando estávamos sem o dim dim, ficávamos em casa fazendo pizzas ou convidando amigos para conversar.
Fazia um bom tempo que não íamos almoçar fora,em especial comer hambúrguer.
Nossos seis filhos eram loucos por esse lanche e fazia muito tempo que não devoravam um.
Sem dinheiro,escolhemos um lugar que aceitasse vale-refeição.
Encontramos um restaurante no Shopping Ibirapuera  que até piano-bar tinha.
Felizes nos sentamos a  mesa e ordenamos os pedidos.
Dava gosto  ver como a garotada se deliciava com o catchup, maionese e xis-búrguer.
Depois de uma verdadeira degustação de sanduíche, pedimos a conta.
O lugar era mais sofisticado e as pessoas já se preparavam para ocupar nosso lugar.
A conta veio e seriam muitos vales refeições que deveriam ser depositados no pratinho de pagamento.
Antes que se fizesse o acerto, eu saí de fininho com as crianças e disfarçadamente ficamos olhando a vitrine ao lado da loja, esperando que o pai, suado, contasse tique por tique.
Ficou uma espécie de montanha.
Até o garçom fazer as contas,ir e voltar do caixa,foram momentos de suor e lágrimas.
Por final, quando nos  preparávamos  para zarpar dali, o garçom disse que a gorjeta de dez por cento, deveria ser paga em dinheiro.
Com os bolsos vazios sem um centavo vivo,recorreu a mim que entre fugir  a enfrentar olhares incrédulos de clientes,corajosamente, me sentei a mesa novamente e tirando tudo o que tinha dentro da bolsa,encontrei uns trocadinhos e dei para o pedinte garçom ,que olhando as parcas moedas,me encarou de cara fechada.
Foi um alivio sair dali.
Felizmente para a criançada que nem percebeu o vexame,o programa estava maravilhoso e só precisava de um sorvete para finalizar como sobremesa.
Perguntei:_Alguma sorveteria por aqui aceita vale refeição?
Foi quando aprendemos uma lição. Sair de casa sem dinheiro, é como tomar banho sem água no chuveiro.