Inesquecível...Como foi prometido.

A audição de teclado estava marcada para o sábado próximo. Os alunos tinham treinado muito. O salão preparado, os convites enviados e o roteiro concluído.

Uma festa linda e inesquecível era o que tinham me prometido.

O palco iluminado, os spots grandes e coloridos pendurados no teto, teclados arrumados em posição de orquestra, o público devidamente assentado em seus lugares e o apresentador a postos.

Finalmente depois de dois meses de planejamento, a primeira apresentação da escola seria realizada.

Os alunos, ansiosos, ficaram atrás das cortinas esperando a vez de tocar. Os pais do outro lado do palco, com suas câmeras fotográficas e filmadoras nas maõs ,para não deixar passar nem um só momento da apresentação, e eu com o coração na boca.

Assim que foram dadas as boas-vindas, um barulho foi emitido por um dos teclados . O meu. O instrumento musical, com todos os registros e ritmos já configurados, queimou. Tive que tocar num outro totalmente diferente do que tinha programado.

Consegui não errar, mas os efeitos que tinha planejado ficaram esquecidos dentro da partitura.

Não ia deixar a peteca cair:" o show tinha que continuar".

Como primeira convidada,uma amiga cantora,subiu ao palco com seu violão, mas não conseguiu se apresentar da maneira como tinha sido prevista. A caixa de som do local, depois de tantos testes, não funcionou, e ela teve que gritar a canção inteirinha, o que lhe causou uma súbita perda de voz,e a música terminou somente com acordes de violão.

Os spots, no teto, coloridos e grandes, foram estourando. Um a um.

Primeiro um ruído de estalo forte, depois fumaça e logo um ponto escuro. E, a cada cinco minutos o mesmo acontecia com o outro até ficarmos totalmente no escuro.

Muita agitação depois, conseguimos usar o gerador para uma pequena luz direcionada aos teclados que um a um também foram sucumbindo.

De quatro teclados e dois órgãos, passamos a atuar com apenas um teclado e um órgão.

Tinha que seguir em frente mesmo tendo vontade de subir no palco e gritar: “Quem está querendo me sabotar”?

Depois de horas de atraso, um vai e vem do pessoal querendo ajudar, um corre prá lá e dois pra cá, e depois do microfone quase eletrocutar a boca do apresentador, que as pressas teve que ser medicado, um aluno mesmo já não tendo mais tempo, quis se apresentar.

Foi tanta a insistência que pensei: ”tudo já esta danado mesmo, um a mais não vai piorar a cena”.

Não imaginava que esse aluno, além de errar cada compasso musical, voltava do início, para errar tudo de novo. E tentava e tentava, mas não saía do lugar. Não contente, levantou-se e pediu ao público, (que a essa altura queria pendurar ele em algum varal próximo) que fizesse silêncio para que pudesse se concentrar.

Foi a gota final.

O pessoal, já cansado de tantos lapsos na noite, não fez outra coisa: levantou e bateu palmas até o aluno desistir de tocar.

Assim foi a primeira audição da minha escola. Um caos.

Mas pelo menos a promessa foi cumprida. Seria uma festa inesquecível. RSrsrsrsrs.