Ela se contorcia dentro de um vestido vermelho. Decotadíssimo e justo na cintura, levemente afrouxado nos quadris, dando-lhe uma silueta esguia e sensual
Com óculos escuros, cabelos esvoaçantes e salto alto, parecia estar desfilando nas ruas que se tornaram sua passarela.
Seu rosto virava para todos os lados em busca de admiradores passageiros.
Precisava encontrar alguém que lhe tirasse aquela sensação de preterida.
Andou por grandes avenidas, por ruelas. Parou em bares, bancas e cafés .Nada encontrou.
A poeira dos resíduos dos carros que passaram, deixaram marcas profundas em suas linhas já definidas pelo tempo.
Suas pernas cansadas se dobraram, e o sapato arrancado foi depositado no latão de lixo da esquina por onde passava.
Descalça, com o rosto sujo, cabelos grudados e os óculos roubados, não enxergou seu futuro, e num abrupto impulso mergulhou para o indefinido finito.
Em sua casa o telefone insistentemente tocava, e depois de um sinal, foi deixada uma mensagem.
_”Sinto sua falta.Coloque seu vestido vermelho,aquele que eu tanto gosto,e vamos sair .Vamos recomeçar?”.
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