quarta-feira, 20 de outubro de 2010

nada é perfeito(comigo)



Estava com a viagem marcada, passagens compradas, e o entusiasmo estampado na cara.
Voei para longe, voei para a aventura da minha vida,meu sonho.
Depois de quase dez horas sentadas sem poder me esticar, estava mais para um pesadelo. Não desanimaria facilmente.
O avião aterrissou e um  temor me contagiou: o de passar pela imigração sem problemas.
As filas foram se formando e eu entrei nelas normalmente. Percebi que nas outras fileiras, os passageiros recém chegados, passavam com facilidade, Já, a que eu estava, além de demorar, alguns visitantes tinham sido tirados dela para averiguação. Enquanto eu pensava para qual fila deveria pular para escapar de uma possivel proibição quase pré decretada, os que estavam na minha frente, decidiram mais rapidamente e correram para outras adjacentes,o que me colocou diretamente de cara com uma sisuda oficial feminina.
Sem opção,esbocei um sorriso e segui sem falar uma única palavra em inglês.
Com o endereço da minha hospedagem na mão,entreguei à ela achando que já estaria  salva.
Portadora de  um olhar gelado e acusador,perguntou o que eu fazia por lá. Gesticulando da melhor maneira italiana possível, expressei através das mãos e alguns sons esquisitos , o meu objetivo.
Depois desse terror, segui livre e solta para o mundo que eu queria tanto conhecer.
A casa onde fiquei hospedada por dois meses, era maravilhosa. Tinha a praticidade que eu só tinha visto nos filmes românticos.
Ao conhecer os cômodos, um frio me correu pela barriga. Os banheiros eram impecáveis, chão de carpetes bege claro, pias beges e paredes brancas. Tudo muito imaculado. Pensei em como retocaria a cor do meu cabelo,sem destruir aquela pacifica paisagem.
Pode parecer pouco, mas isso se tornou um fantasma durante os dias que se seguiram.
Cada possibilidade de visitar o banheiro, eu planejava o que fazer para tonalizar meu cabelo.
Teria que forrar as paredes, cubas, chão e espelho, porque sou um desastre nessa profissão de cabeleireira.
Minhas madeixas precisavam de um retoque, mas ainda não tinha tido nenhuma idéia.
Por sorte, apareceu uma viagem surpresa para a casa do pai do meu anfitrião, e meu problema terminou.
O lugar, um velho casarão estilo vitória,possuía banheiros escuros com piso no chão,simples e prático.O problema seguinte seria: Como tingir meus cabelos sem ninguém ver?Como ficar no restroom tanto tempo? O que irão pensar?
Esperei todos dormirem. Levantei, peguei meu nécessaire que já estava preparado no guarda-roupa, e me tranquei no dito.
Nunca fui tão rápida numa tintura. Veloz como um pingüim que foge do tubarão dentro da água; pintei os cabelos, e infelizmente a cara, os cotovelos e o pescoço. Também era pedir demais numa situação dessas.
Quando fui enxaguá-los, o barulho do chuveiro, no silêncio das altas horas, acordou a todos. E sem graça, expliquei que precisava de um banho , em plena madrugada ,para relaxar.Firmando que não eram todos os brasileiros assim, somente eu.
Fomos dormir.
Dia seguinte, notei que as fronhas do meu travesseiro estavam manchadas. Parte do lençol também. Sem falar da toalha que ficou no banheiro.
Não enxagüei os cabelos corretamente porque fui abruptamente interrompida.
Com tantas evidências, tive que sentar e falar do meu feito.
Um desastre  para alguém que queria dar a impressão de cabelos naturalmente viçosos e de cor própria.Um castanho maravilhoso.
Pelo menos ,não tive mais problemas de retoques até o final da viagem.Assumi minha cor natural,e pude aproveitar a viagem sem mais preocupações.

Coisas de mulheres maduras .Ou só eu sou assim?

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