útimas esconomias

Ele chegou com alguns pãezinhos embrulhados, colocou-os na mesa da cozinha e disse num tom inquietante: "Foram minhas últimas economias. Não temos mais nada."

Fiquei parada em pé, olhando para a mesa e para meus seis filhos que brincavam no quintal despreocupadamente.

Preparei o lanche da tarde como de costume, nos sentamos e entre conversas e brincadeiras, tomamos nosso café da tarde, sem nenhum comentário.

Meus pais sempre próximos observavam a tudo sem nada comentar. E com cestas cheias de frutas e guloseimas para as crianças, fizeram desses momentos, quase que imperceptíveis para elas.

Queria tanto ajudar, mas com filhos pequenos, como trabalhar?

Certo dia, indo a uma farmácia comprar esparadrapo, encontrei uma amiga. Conversamos sobre as dificuldades em se achar um bom emprego e como as finanças estavam mal.

Quando fiz o meu pedido para o farmacêutico, ele quis saber se o esparadrapo precisava ser antialérgico ou não. Respondi que não, pois seria usado para tapar um buraco no braço do sofá.
Minha amiga não conteve o riso e ainda completou: "puxa! A situação está pior do que você descreveu".

A cena foi engraçada e ao voltar para casa, dei boas gargalhadas ao colocar a fita na cena do crime e com bom humor, coloquei uma toalhinha de renda em cada um dos braços do sofá, para esconder o remendo. Ficou ótimo.

Apesar da ajuda dos meus pais, precisávamos encontrar uma solução.

Em uma visita surpresa, uma amiga muito querida se envolveu com o meu problema (amigos também ajudam nessas ocasiões) e me deu uma idéia que a princípio não acreditei muito, mas depois de pensar melhor, decidi arriscar.

Dar aulas de música visto que estava terminando um curso de teclado e já tocava piano.

Não precisaria sair de casa.

Apenas duas semanas depois, estava com 20 alunos, e logo abri minha própria escola, num estabelecimento próprio.

Durante dez anos, trabalhei como instrutora de música para teclado. Ganhei meu pão e o de meus filhos.

As soluções para os nossos problemas acontecem, mas é preciso estar atento aos sinais que podem aparecer de formas tão diversas daquelas que estamos esperando. Antes de descartar uma idéia é preciso tirar as vendas dos olhos e principalmente do coração para que preconceitos não nos impeçam de progredir. Quase perdi o caminho,felizmente subi no ônibus.