Meus brinquedos ficavam perdidos, esquecidos numa cesta dentro de um armário na sala de jantar. Não abria as portas para lhes dar bom dia, não os usava mais, mas a certeza de tê-los por lá me apaziguava, me dava segurança e sossego.
Voltava da rua cansada, cheia de lama e borrões, cabelos espetados pelo suor, e as mão duras de pular sela. Corria para o banheiro, não poderia deixar mamãe me ver assim.
Doce engano porque lá estava ela na porta do quarto, com a toalha e o esfregão nas mãos, me esperando para me colocar no chuveiro.
Depois de um banho quente, perfume, talco, pijama de flanela e chinelo de pluma, descia aconchegante para a sala.
Numa dessas tardes após o banho,pensei que brincar com minhas panelinhas seria delicioso e fui à sala de jantar apanhar minha cesta de brinquedos.
Senti um vazio aparente que não soube de principio entender, só olhando pela segunda vez, percebi que os meus brinquedos não estavam mais ali.
Corri para outros quartos a procura de um mal entendido, e não encontrei nada. Fui ao encontro de minha mama achando que ela poderia me ajudar e escutei a verdade. Ela havia doado todos os brinquedos e não tinha sobrado nenhum.
Meu fogãozinho e panelinhas, ferrinho, batedeira, enceradeira, roupinhas de bonecas, cachorrinho, joguinhos, e muitos outros inhos.Nada!Não ficou nada.
Lembro do meu choro compulsivo na cama desarrumada. O desespero de não ter tido escolha.
Mamãe contou uma história triste sobre uma menininha que não tinha nada e que precisava de um pouco de alegria para melhorar seu dia.
Não queria saber nem procurei entender, os brinquedos eram meus e não me conformava de terem sido dados sem nenhuma consulta.
Não queria saber nem procurei entender, os brinquedos eram meus e não me conformava de terem sido dados sem nenhuma consulta.
Durante dias ao entrar em casa, olhava o vazio que a cesta tinha deixado e não tinha como conter as lágrimas. Sentia saudades do meu cachorrinho queimado, do fogãozinho descascado e enferrujado, da boneca sem braço; daquele lixo que era meu tesouro.
Levou muito tempo para que eu parasse de escutar as vozes dos meus brinquedos me chamando.
Puro apego de criança, formação de personalidade, egoísmo ou apenas uma atitude infantil?Sei que hoje ao ver brinquedos espalhados pelo chão, lembrei de cada um dos meus, e fiquei com uma vontade enorme de chorar.
Essas mudanças hormonais estão me matando rsrsrs
"Puro apego de criança, formação de personalidade, egoísmo ou apenas uma atitude infantil?Sei que hoje ao ver brinquedos espalhados pelo chão, me lembrei de cada um dos meus, e fiquei com uma vontade enorme de chorar."
ResponderExcluirAh mas que maldade rss, mesmo sendo para uma outra criança eu não entenderia não...poderia ter sido alguns só... depois que fiz pedagogia e me aprofundei em psicologia sabemos que os brinquedos são objetos de apego emocional importantes para o desenvolvimentos do cognitivo da criança... lógico que naquela época não existia isso... achei nobre a sua mãe querer ajudar... mas dar todos e nem dar a opção de escolha achei maldade... mas pra nossas mãos não é... mas pra uma criança com certeza hahaaha
Essas mudanças hormonais estão me matando rsrsrs
Eu imagino.... eu faço o inverso lembra... eu ando meio doida.. .e emocional o extremooo
rsrsrsr.....nada facil Juliana.Por causa dessa experiência, nunca tirei nada dos meus filhos sem que eles soubessem e concordassem .Sei que entregaria meus brinquedos, mas dessa forma ficou um rombo....eles estavam lá e desapareciam....E claro, minha mãe achava que era o certo,sem ver eu não sentiria...educação daquela época.Sem psicologia e baseada na praticidade.Obrigada pelo comentário JUju...tenha um bom final de domingo
ResponderExcluirGente, que dó da menina eva, ai nao, nao se deve mesmo fazer isso... gente, que dor vc deve ter sentido. Que barra,sério mesmo. Poxa, tao bom brincar de panelinhas :-)
ResponderExcluirai fiquei triste...