Maria!

Com uma sacola nas mãos, chinelo de dedo, vestido barato e maquiagem desfeita, estampava um sorriso nos lábios, aquele de quem acredita em milagres, achando que o que tinha nas mãos poderia fazer diferença.

Queria usar o vestido para ele. Queria mostrar o quanto podia ficar bonita, jovem e atraente.

 A  roupa nova de moça rica, o perfume recomendado pela vendedora, cabelos escovados e presos com uma fivela de pequeno brilho e o salto levemente alto, tiraram Maria da aparente pobreza .

Ele chegou de calça jeans, blusa jogada na cintura, com um ar de quem não veio pra ficar. Mal chegou e já definiu que o passeio  seria curto porque tinha muitas coisas para fazer.

Não olhou nos seus olhos, não respondeu ao seu beijo nem ao seu sorriso e seu ar de desdém a fez petrificar.

Resignada, ao voltar para casa, já planejava o seu próximo encontro. Compraria um vestido ainda mais bonito, um sapato prateado e uma bolsa de cetim. Não imaginava como pagaria por tudo isso, mas decididamente ele merecia mais dedicação, ele voltaria a amá-la e tudo seria como antes.

Maria acredita. Precisa acreditar. Coitada da Maria.