quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dia comum




Festas, reuniões, presentes, roupas novas, encontros, família, jantares, nos colocam num estado de êxtase por meses. Apesar da diversão, sinto falta do dia a dia.
Acordo cedo e tomo meu café da manhã, sentada na sala de jantar, com a caneca fumegando, sem que eu precise soprar para esfriar e serenamente aprecio até a última gota. Passo a geléia na fatia de pão com manteiga, e me delicio olhando o sol aparecer pela janela já escancarada.
Volto pra o quarto,me espreguiço, troco de roupa e vou caminhar. O povo ainda esta acordando e percebo a vida começando em cada casa que passo. Sons de xícaras sendo postas à mesa, cadeiras sendo arrastadas, vozes nos chuveiros, pedidos para a mamãe e eu vou seguindo minha caminhada, com todos esses fenômenos acústicos a me acompanhar.
Depois de um banho revigorante, vou às compras sem lista e sem planos. Chegando lá eu decido.
Com os produtos no cesto, volto para casa sem pressa, aproveitando a paisagem pitoresca de um interior preservado com vegetações belas. Vou preparando com tranqüilidade minha hora de almoço, que será regada com músicas e suco de frutas do quintal. Baciadas de acerola, mangas e laranjas suculentas.
A sesta? Claro, de minutos, mas no jardim, onde coloquei uma rede só para ficar ao ar livre e poder olhar para o céu.
Minha manhã passou. A tarde chegou lavada por uma torrente de verão, que deixou a calçada alvejada, o ar fresco e o vergel agradecido.
Da vidraça, fiquei vendo todo aquele aguaceiro passar pelo meio fio, e com uma vontade enorme de me atirar ali para chutar as poças d’água. Me enrolei num leve xale de linha e sentei para assistir um filme,tomar o café da tarde e me preparar para o anoitecer.
Nem todos os dias são assim largos. No entanto, estes, são os que desfruto com maior arte


Um comentário:

  1. Senti saudades dessas mesmas ruas, da vidinha pacata...senti curiosidade de ver seu belo jardim que agora é um pomar, gostei de saber que ainda vc tem tempo pra caminhar, olhar o belo,e descansar olhando o céu...onde fui que me perdi mesmo?

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