Dona Iva sempre esteve presente em minhas memórias infantis, sem que eu pudesse determinar quando isso começou.
Quando eu era ainda pequena, tinha uma brincadeira predileta: fazer bolinhos de terra molhada.
Voltava da escola correndo, me trocava e saia para brincar na casa da Sonia, que era ao lado da minha.
Jogávamos água na terra e começávamos a trabalhar duro enrolando as porpetas de barro.
Após algumas horas de plena folia, voltava para casa porque sabia que era hora do café com leite.
Nada me dava tanto prazer, segurança e um sentimento de amor, como aquela hora de chegar em casa ,lavar as mãos e o rosto,e me sentar à mesa para na companhia de minha mãe e meu irmão tatá, passarmos momentos tranqüilos, saboreando uma enorme tigela de café com leite e pão com manteiga.
Nada me dava tanto prazer, segurança e um sentimento de amor, como aquela hora de chegar em casa ,lavar as mãos e o rosto,e me sentar à mesa para na companhia de minha mãe e meu irmão tatá, passarmos momentos tranqüilos, saboreando uma enorme tigela de café com leite e pão com manteiga.
Minha mãe sempre teve o sorriso fácil e aberto o que cativava a todos que chegavam convidados ou não. Acho que por isso, sempre tínhamos visitas ao entardecer.
Mas o dia que eu mais gostava, era quando as sextas-feiras, mama costumava fazer uma tremenda faxina na casa toda, e encerava a cozinha.
Para finalizar essa etapa, mama costumava preparar um bolo assado ao forno, com pão fresquinho que chamávamos de filão e passava no coador ainda de pano o café para ser servido com o leite vendido em um litro de vidro enorme e extremamente gostoso.
Com minha energia de criança, ao entrar na cozinha depois de devidamente ter lavado minhas mãos, deparava com a mesa posta, detalhadamente arrumada. Uma toalha de pano branquinha, xícaras e tigelas, o pão e bolo sobre a mesa, o bule gigante de café e a leiteira fumegando.
O cheiro de tudo isso, mais o da cozinha encerada e o ar da limpeza, transformavam aquele momento no mais especial da minha pequena vida, claro que tirando os momentos dos bolinhos de terra.
O cheiro de tudo isso, mais o da cozinha encerada e o ar da limpeza, transformavam aquele momento no mais especial da minha pequena vida, claro que tirando os momentos dos bolinhos de terra.
Assim eram minhas tardes na casa do papa e da mama, sempre cheias e segurança e alegria.
Tínhamos uma visitante que dia sim outro não, aparecia para tomar parte nesse momento nosso. Era a Dona Iva, amiga de minha mãe desde que eram adolescentes.
Ela era alta e magra, com um nariz protuberante e cabelos ralos e finos, loiros e crespos, com um modo de falar italianês que lhe era muito peculiar.
De duas palavras que ela proferia, uma era imprópria para crianças, mas ficavam gozadas na boca dela, porque não havia maldade, somente um tom brincalhão de se explicar.
Logo após o almoço, ela chegava com um lenço na cabeça e sua saia rodada e se sentava num canto da cozinha enquanto minha mãe terminada seus afazeres.
Lembro das risadas que ela e mama davam de assuntos que nunca tomei conhecimento, porque o fato de elas estarem felizes era suficiente para mim.
Quantas vezes saiamos para passear e ela sempre tinha algo divertido para falar e riamos todos.Sempre foi uma gozadora até de seus próprios problemas.Nada fazia ela ficar triste se pudesse contar com a amizade da minha mama.
Ajudava nas festinhas de aniversários colando enfeites nas paredes, estava presente nos domingos ao anoitecer, nas peças de teatro que fazíamos na igreja, nas reuniões com outros amigos, nas noitadas de pizza.
Ajudava nas festinhas de aniversários colando enfeites nas paredes, estava presente nos domingos ao anoitecer, nas peças de teatro que fazíamos na igreja, nas reuniões com outros amigos, nas noitadas de pizza.
Costumava ficar estrábica para imitar alguma pessoa estranha, e tinha um dialeto só dela ,chamava de jonjolo e tonhão qualquer um que não entendesse o que ela dizia.
A minha primeira bolsa foi um presente dela .
Adorava sair com elas.
Dona Iva costumava se esborrifar com pó de arroz e ficava com o rosto todo coberto de pó, mas era assim que ela gostava de se ver. Passava o batom o ruge vermelho colocava todo seu material de beleza na bolsa que fechava com um click que eu adorava escutar.Meia com fio atrás,sapato alto que dava todo aquele ar dos anos sessenta e saiam na frente .
Como sempre eu ficava atrás, porque amava ver os saltos dos sapatos dela e da mama que faziam um barulho delicioso ao tocarem no chão.
Queria crescer logo para ter meu próprio sapato e maquiagem e tudo o que elas tinham.
Ela foi um personagem forte na minha vida.Ainda sinto saudades dela quando preparo o café da tarde do mesmo modo como ela e minha mama faziam, no coador de pano.
Mesmo tendo partido há alguns anos, às vezes cedo à vontade e chamo-a para tomar um café comigo.
Mesmo tendo partido há alguns anos, às vezes cedo à vontade e chamo-a para tomar um café comigo.
Dona Iva, o café esta pronto!Venha antes que esfrie.
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