segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O livro e o filme




Deixei a solidão, e mergulhei num mar de ilusões que se tornariam palpáveis.
Acreditei que era minha vez, e me preparei para partir.
Levei uma bagagem pequena, mas que acondicionava um enorme sonho juvenil adormecido pelo tempo.
A viagem cheia de expectativa, a chegada de alegria e o encontro de histórias.
Um abraço que definitivamente firmava o que já se esperava;pra sempre.
 O caminho florido de forma tão diferente, me tirou daquele momento e me transportou para um mundo de metamorfose sem fim.
A entrada.
O livro se abria e as primeiras páginas depois do prefácio estavam sendo escritas.
Viver aquele romance, era sair do anonimato de mim mesma, para fazer-me a heroína do meu filme. A história que teria sido composta no inicio da minha mocidade e por descuido próprio, passei a pena para alguem que não sabia escrever, e encheu de letras desconexas o que deveria ter sido um poema.
Os primeiros contatos, tocando tudo como alguém que não enxerga, descobri coisas e situações diversas das que tinha vivido até então.
Estava dentro de um filme, precisava atuar de maneira satisfatória, porque o papel era meu. Alguém finalmente tinha se lembrado de mim.
Ser a protagonista a essa altura da minha vida era inacreditável. Senti-me um pouco Sara ao dar a luz ao seu bebê com 90 anos. Totalmente fora do contexto, mas absolutamente desejável.
Comecei a compor uma nova biografia. Sem rabiscos, rascunho ou ensaios. Não teve roteiro nem folhetins. Foi improvisada e escrita a tinta para não se apagar. Feita para sonhar, feita para não terminar. Selada na corte dos homens, com anéis de ouro e rituais em língua estrangeira que só o coração pôde entender.
Assim estreei meu filme. Um curta metragem, que ficou no ar por três anos, e depois voltou para as prateleiras , esquecido no meio de tanta poeira.


Nenhum comentário:

Postar um comentário