quinta-feira, 19 de agosto de 2010

primeiro amor




Ele era tudo o que ela havia sonhado e desejado.
Com seus 15 anos, despertava para o amor e sentia-se privilegiada pela conquista do coração desse rapaz.
O príncipe da sua vida. Perfeito em todos os detalhes. Um jovem com o rosto lindo, os cabelos negros, o sorriso largo, amigo, carinhoso, inteligente e independente. Queria estar com ele por toda a vida.
Com tanta felicidade, começava a planejar uma vida futura a dois. Um amor para sempre.
Todos os passeios eram vigiados por testemunhas, nunca estiveram a sós, ou trocaram um beijo ardente. Era um amor quase que platônico, fortalecido somente pelo contato próximo das mãos entrelaçadas.
Sonhava com o momento em que esse beijo aconteceria e quase não conseguia mais esperar.
O jovem retribuía toda essa atenção, todo esse carinho, todo esse amor e com abraços e um olhar que só os apaixonados conseguem dar,trocavam as sensações de um romance que se perpertuaria.
 Naquela noite,seu príncipe foi buscá-la na escola. Não disse uma palavra, não a beijou no rosto, não segurou sua mão, simplesmente a acompanhou até a porta da sua casa como de costume.
Em sua inocência de menina virgem de corpo e alma, não imaginava o que poderia ter mudado.
Seu amor, sem fitá-la e com indiferença, balbuciou uma frase sem nexo algum.
"Você sabe o que fez".
Foram as únicas palavras proferidas. Olhou para ela e disse adeus.
Foi se distanciando até chegar à esquina e sem um último olhar, seguiu para nunca mais voltar.
Durante tempos e mais tempos, ela gritava seu nome em pensamento esperando que algum anjo que por ali passasse, por compaixão pela sua dor, levasse a mensagem para ele e o fizesse voltar.
Por grande que fosse seu sofrimento, não se permitiu procurá-lo ou se fazer vista.
Resignou-se a morrer de saudades, com todas as lembranças de presentes e passeios que pôde guardar.
Passava as noites olhando pela janela, as madrugadas chorando, e os dias se arrastando de tanta tristeza sem entender o porquê.
Todos dizem que o tempo apaga as lembranças a saudades e a dor. Mas não foi assim com ela.
Dentro do seu peito, hoje de mulher, ainda guarda todas aquelas coisas de amor que viveu. Aquele beijo que não foi trocado, aquela volta que não aconteceu, a vida a dois que acreditou que viveria e como todo o resto dos seus sonhos, desvaneceu no tempo.
O primeiro amor!Quem não tem um!
Não adianta, você também não irá esquecê-lo.









Um comentário:

  1. Não mesmo! E não precisa ser o primeiro, mas os grandes amores, os mal resolvidos, estes ficam na cabeça e no coração da gente. Que texto envolvente..

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